(Marcos Oliveira/Agência Senado)
Hoje, os investidores vão acompanhar a leitura do parecer do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) em relação à reforma da Previdência, a partir das 10h00, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Duas mudanças feitas no texto em relação à proposta aprovada na Câmara podem diminuir em R$ 31 bilhões a economia em 10 anos.
A expectativa é de que a votação da reforma aconteça no dia 4 de setembro, indo a plenário – em primeiro e segundo turno – dias 24 de setembro e 10 de outubro, respectivamente. A CCJ também deve votar a proposta que divide os recursos do megaleilão do petróleo com Estados e municípios. A medida é apontada por líderes como condição para a aprovação da reforma da Previdência.
No exterior, as preocupações em relação aos rumos da disputa comercial entre Estados Unidos e China seguem com os mercados operando nesta manhã de forma mista.
Em meio às preocupações com uma recessão, a curva de rendimentos das taxas de juros dos títulos dos EUA segue invertida, com as taxas de 2 anos em 1,516%, enquanto de 10 anos recuou a 1,466%.
Confirma os destaques desta quarta-feira:
1. Bolsas Internacionais
Mesmo com o prenúncio de recessão, os futuros de Nova York operam em alta nesta manhã. Na Ásia, por sua vez, as bolsas fecharam sem direção definida.
Na China, o yuan onshore caiu para níveis não vistos desde fevereiro de 2008, enquanto o offshore recuou ao ponto mais fraco desde que passou a ser negociado no mercado internacional.
Um banqueiro de Hong Kong disse à CNBC que o próximo da moeda chinesas poderia ficar em torno de 7,25 por 1, a depender dos desdobramentos da guerra comercial EUA-China.
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Uma moeda mais fraca torna as exportações chinesas mais baratas e mais competitivas nos mercados internacionais, e poderia potencialmente compensar parte do impacto das tarifas.
Na região oriental, o Japão retirou oficialmente a Coreia do Sul do seu status de parceiro preferencial a partir de hoje. Assim, os fabricantes japoneses devem solicitar aprovações adicionais às compras de tecnologia sul-coreana.
Na Europa, as bolsas operam predominantemente em queda nesta manhã, em meio às incertezas comerciais globais e a definição da política italiana.
Além disso, os partidos da oposição na Grã-Bretanha se uniram em uma tentativa de aprovar uma lei que force o primeiro-ministro Boris Johnson a adiar o Brexit, marcado para 31 de outubro, impedindo uma saída sem acordo.
Entre os indicadores, o índice de confiança do consumidor na Alemanha, medido pela GfK, ficou estável para o mês de setembro em comparação a agosto.
Os preços futuros do petróleo operam em alta, após relatórios apontar que os estoques nos EUA caíram mais do que o esperado. Já o minério apresentava leve queda.
Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h11 (horário de Brasília):
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,13%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,05%
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,06%
*DAX (Alemanha), -0,55%
*FTSE (Reino Unido), +0,37%
*CAC-40 (França), -0,57%
*FTSE MIB (Itália), -0,24%
*Hang Seng (Hong Kong), -0,19% (fechado)
*Xangai (China), -0,29% (fechado)
*Nikkei (Japão), +0,11% (fechado)
*Petróleo WTI, +1,21%, a US$ 54,29 o barril
*Petróleo Brent, +1,07%, a US$ 59,33 o barril
*Bitcoin, US$ 10.161, -0,09%
R$ 42.346, -0,13% (nas últimas 24 horas)
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian recuavam 0,84%, cotados a 588,00 iuanes, equivalentes a US$ 82,08 (nas últimas 24 horas).
2. Agenda Econômica
No Brasil, a FGV divulga, às 8h00, a sondagem do setor de serviços de agosto. Às 10h00, o Tesouro informa o relatório mensal da dívida pública, enquanto às 15h00 o Banco Central informa a variação do estoque de crédito no sistema financeiro. Esta prevista ainda a publicação do fluxo cambial semanal.
Nos Estados Unidos, está prevista apenas divulgação do estoque de petróleo bruto semanal.
3. Noticiário Político
O relatório apresentado pelo senador Tasso Jereissati à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 retirou pontos considerados prejudiciais aos mais carentes e sugeriu o texto da PEC paralela para contemplar a inclusão de estados e municípios nas novas regras de aposentadora entre outras alterações.
As supressões, porém, não farão o texto retornar à Câmara. Já a PEC paralela precisa ainda de 27 assinaturas para começar a tramitar no Senado. Ele procurou contemplar parte dos pedidos de alteração dos senadores, das mais 150 emendas apresentadas. Entre elas, a eliminação de todos os trechos da PEC que tratavam do Benefício da Prestação Continuada (BPC).
Na proposta paralela, a inclusão dos estados na reforma gerará potencial impacto líquido de R$ 350 bilhões. Já a criação de novas três fontes de financiamento para a seguridade social, podem engordar os cofres públicos em mais de R$ 155 bilhões. O impacto total em dez anos é esperado em R$ 1,34 trilhão, maior que os R$ 930 bilhões previstos com o texto que veio da Câmara dos Deputados.
"Em resumo, não é possível conceber um endividamento ilimitado para o Tesouro. Mas também não é possível compactuar com injustiças. Há que promovermos correções. Essas correções devem ser de baixo para cima, do piso da pirâmide para o alto da pirâmide. Nosso foco tem de ser em beneficiar os mais vulneráveis", defende Jereissati em seu relatório.
Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), defendeu que governadores e prefeitos possam usar recursos da cessão onerosa para cobrir os seus respectivos déficits previdenciários. Alcolumbre e Rodrigo Maia participaram de uma reunião ontem à noite no Ministério da Economia, com Paulo Guedes. O encontro não estava a agenda do ministro.
Alcolumbre afirmou que há um acordo com os líderes para que o projeto que trata da divisão dos recursos da cessão onerosa seja votado pela manhã na CCJ do Senado e, à noite, pelo plenário da Casa. "Vim falar com o ministro Guedes sobre um texto que contemple Estados e municípios, com a possibilidade de destinar parte desses recursos para suprir o déficit previdenciário", disse.
Sobre a reforma tributária, Alcolumbre disse que conversa com o governo para ter uma proposta que represente um consenso entre o que defende o governo, a Câmara dos Deputados e o Senado. Nas duas Casas tramitam propostas e o governo ainda promete enviar uma própria. "Quem tem três propostas de reforma, não tem nenhuma reforma”, comentou.
Ainda na política, o jornal O Estado de S.Paulo informa que o governo quer acabar com os 10% de multa rescisória sobre o FGTS pago pelas empresas para os cofres federais. Hoje, nas demissões, elas arcam com 50% de multa – 40% ficam com o trabalhador e 10% vão para a União, que repassa ao fundo do FGTS.
O dinheiro da cobrança entra como receita no orçamento, mas, como tem que ir para o FGTS, acaba virando despesa obrigatória. Segundo o Estadão, a proposta do orçamento para 2020 está muito apertada e a equipe econômica busca formas de não cortar mais verbas para investimento e para o funcionamento da máquina pública.
O Estadão traz ainda que o ministro Sergio Moro tentou demonstrar que está tudo bem entre ele e o presidente Jair Bolsonaro, após reunião no Palácio do Planalto. De acordo com a publicação, no encontro, falou-se em uma “rede de intrigas”, que teria como objetivo desgastar a relação entre os dois.
Enquanto isso, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou ontem, pela primeira vez, uma sentença do então ministro Moro relacionada à Lava Jato. Por 3 votos a 1, ficou sem efeito a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro do ex-presidente da Petrobras e Banco do Brasil, Aldemir Bendine.
A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba afirmou que a anulação da sentença contra Bendine abre precedente para derrubar "praticamente todas" as condenações, além da libertação de vários presos. Em nota, afirmou que a decisão causa "imensa preocupação".
Por fim, em meio à crise das queimadas na Amazônia, Bolsonaro deixou de lado o assunto em encontro com governadores da região da floresta e voltou a defender a exploração econômica de terras indígenas.
Após críticas por não ter aceito ajuda financeira dos países do G-7, o presidente disse que poderá reconsiderar os US$ 20 milhões oferecidos, desde que o presidente da França, Emmanuel Macron, retire os insultos contra ele.
4. Noticiário Econômico
O Banco Central usou ontem as reservas do País para conter a alta do dólar, que em um mês saiu da casa de R$ 3,77 para os R$ 4,15, chegando a encostar em sua máxima histórica de R$ 4,19 – e nada parece ser capaz de conter a arrancada da moeda americana. Nem mesmo os momentos de alívio da bolsa são refletidos no câmbio, que chegou a sua quarta alta seguida.
Em determinado momento, o dólar comercial chegou a disparar mais 1,25% nesta sessão, seguindo não só o cenário externo, mas também a fala de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, sinalizando que a autoridade monetária não iria intervir no mercado. Entretanto, minutos depois, o que se viu foi exatamente a atuação do BC.
Foi anunciado no fim da manhã um leilão de dólar à vista imediato, sem ser conjugado com swap reverso (que equivale à compra de dólar no mercado futuro). A atuação, porém, só foi capaz de reduzir os ganhos da moeda americana, que seguiu em alta. As reservas cambiais na segunda-feira eram de US$ 389 bilhões.
A manutenção da desvalorização do real frente ao dólar, que neste ano só não é pior do que a da Argentina e da Turquia, poderá pressionar a inflação e atrapalhar os planos do BC de corte da taxa de juros.
Essa visão fez com que os juros futuros tivessem alta ontem, mas há diferentes visões sobre o movimento do BC. Para alguns economistas, Banco Central resolveu vender spot sem casar com swap reverso porque assim teria maior eficácia em barrar a alta do dólar. Por outro lado, outra análise é que o BC não visa o preço, e sim a venda de reserva, em linha com a sinalização já dada por Guedes.
5. Noticiário Corporativo
O jornal Valor Econômico traz que a Petrobras pretende trabalhar com metas “mais desafiadoras” de redução de custos em 2020, de acordo com a diretora Andreia de Almeida. A executiva afirmou que a empresa se prepara para o aumento da concorrência no mercado de refino e que busca retomar o selo de grau de investimento das agências de classificação de risco.
O relator do novo marco legal do saneamento na Câmara, Geninho Zuliani (DEM-SP), propôs ontem a realização de nove audiências públicas na Comissão Especial, instalada na semana passada, sendo a primeira na próxima terça-feira (3). Zuliani pretende apresentar seu relatório na primeira quinzena de outubro, para que a votação possa acontecer na segunda metade do mês.
O Painel S.A. da Folha informa que a Justiça autorizou Joesley e Wesley Batista voltar a frequentar o endereço onde fica a sede da JBS em São Paulo, mas seguem proibidos de atuar em qualquer uma das companhias da J&F. A permissão os libera a atuarem na WWMB e JJMB que abrange o patrimônio dos irmãos, mas que não têm relação com o grupo.
(Com Agência Estado, Agência Senado, Agência Brasil e Bloomberg)
2019-08-28 10:43:00Z
https://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/9168558/os-5-assuntos-que-vao-movimentar-o-mercado-nesta-quarta-feira
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