TEERÃ — O Irã considera 13 "cenários de vingança" em retaliação ao ataque aéreo americano que assassinou o general Qassem Soleimani, comandante das Forças Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária. À mídia estatal, o presidente do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Ali Shamkhani, disse que todas as opções estão sob discussão e "que mesmo um consenso sobre o cenário mais fraco pode ser um pesadelo histórico para os americanos".
— Eu posso apenas prometer à nação iraniana que a vingança não deverá acontecer em apenas uma operação — disse Shamkhani, afirmando ainda que o Irã está acompanhando de perto “todos os pequenos passos” das tropas americanas “em suas 19 bases, incluindo as 11 que estão mais perto das fronteiras leste e oeste do Irã, e oito bases no norte e no sul que estão em alerta máximo".
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Enquanto isso, o cortejo fúnebre do general chegou hoje à sua cidade natal, Kerman, onde um tumulto deixou diversos mortos e feridos e adiou seu sepultamento. Horas antes do incidente, o Parlamento iraninao votou uma lei que designa como "terroristas" o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e suas Foças Armadas. A medida é uma emenda a um projeto recente que dava a classificação às tropas americanas localizadas desde o Chifre da África até a Ásia Central, passando pelo Oriente Médio.
Na mesma sessão, o Legislativo aprovou ainda o aumento do orçamento das Forças Quds, responsáveis pela articulação de grupos pró-Irã em países como Síria e Iraque, em R$ 1,07 bilhão para os próximos dois meses.
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Ataque direto
Segundo três fontes ouvidas pelo New York Times, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, fez uma rara aparição no Conselho Supremo de Segurança Nacional horas após o ataque que matou Soleimani na sexta-feira. Durante a reunião, Khamenei teria determinado os parâmetros para uma retaliação: um ataque proporcional e direto, realizado por forças iranianas, contra os interesses americanos.
O tom é similar ao adotado pelo chanceler Mohammad Javad Zarif, em uma entrevista concedida à CNN nesta terça-feira. Segundo o ministro, o assassinato de Soleimani é um ato de “terrorismo estatal” e que o Irã irá responder “proporcionalmente, e não desproporcionalmente”. Ele disse ainda que seu país “não é sem lei, como o presidente Trump”.
A retórica de vingança direta vinda de Teerã se afasta da atuação de praxe do regime. Desde a Revolução Iraniana de 1979, o país geralmente esconde suas operações por trás de grupos paramilitares que cultiva na região. O ataque direto contra um representante do Estado iraniano e amigo pessoal do aiatolá, no entanto, faz com que o Irã possa deixar de lado suas táticas tradicionais.
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Segundo analistas iranianos ouvidos pelo Financial Times, as novas circunstâncias exigem que o governo atue com cautela extra em sua tomada de decisão. A resposta imediata, segundo o jornal, deverá englobar esforços para reduzir a influência americana no Oriente Médio.
Até o momento, o regime já anunciou que "não reconhecerá os limites" às suas atividades de enriquecimento de urânio estabelecidos pelo pacto de 2015. Isto, na prática, vem sendo chamado de "último passo" do país para se distanciar do pacto firmado com França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China, além dos EUA, que deixaram o pacto em 2018.
Em paralelo, o Paralmento iraquiano aprovou a expulsão dos cerca de 5.200 soldados americanos que estavam no país em razão de um acordo específico para combater o avanço do Estado Islâmico. Após a divulgação de uma carta que detalhava planos americanos para cumprir a decisão, o Pentágono negou que pretende acatá-la.
2020-01-07 14:25:32Z
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