(Shutterstock)
Hoje, o cenário internacional deve contribuir positivamente para os negócios na bolsa brasileira, com a sinalização de mais um retomada das conversas entre os Estados Unidos e a China, sobre a disputa comercial entre os dois países, o que ocorreria em outubro.
No Brasil, enquanto a reforma da Previdência chega ao plenário do Senado, com previsão de conclusão da tramitação até o dia 10 de outubro, a questão do teto dos gastos entra no debate político.
O presidente Jair Bolsonaro defendeu ontem à noite a mudança na regra, que proíbe que as despesas cresçam em um ritmo superior à inflação. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é contrário, já que poderia ser interpretada como um afrouxamento fiscal.
Já no Twitter, hoje, às 7h43, Bolsonaro recuou da intenção. “Temos que preservar a Emenda do Teto. Devemos sim, reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios. Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlântico”, escreveu, completando: “O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes”.
Confirma os destaques desta quinta-feira:
1. Bolsas Internacionais
As bolsas asiáticas fecharam predominantemente em alta, após os avanços nas conversas para um encontro entre autoridades da China e dos Estados Unidos, o que deverá ocorrer em outubro, em Washington, segundo informações da TV estatal chinesa CCTV.
De acordo com a emissora, o vice-premiê chinês Liu He conversou por telefone na manhã de quinta-feira (pelo horário de Pequim) com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin. Um porta-voz americano confirmou a ligação.
A CCTV disse que ambos os lados pretendem trabalhar juntos e "criar condições favoráveis" para as negociações. Segundo o ministério, o diálogo por telefone foi "muito bom".
O ministério chinês, porém, reiterou que se "opõe fortemente" a uma escalada na guerra comercial com os EUA, mas afirmou que Pequim não irá retirar a queixa que submeteu recentemente à Organização Mundial do Comércio sobre as últimas tarifas americanas impostas a produtos chineses, parte das quais entrou em vigor no último domingo (01).
O ministério afirmou esperar ainda que os EUA parem de pressionar empresas chinesas como a Huawei, gigante de equipamentos de telecomunicação que acabou assumindo papel central na disputa comercial entre Washington e Pequim.
Na Europa, as bolsas operam em alta, com exceção de Londres. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson sofreu ontem derrotas no Parlamento, com a rejeição de sua proposta de convocação de eleições gerais para o dia 15 de outubro e também com a aprovação de uma lei que impede um Brexit sem acordo.
Trouxe alívio aos investidores europeus também a definição do novo gabinete do governo italiano, liderado pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte, unindo uma coalizão improvável entre o Movimento Cinco Estrelas (M5S) e o Partido Democrata (PD), de centro-esquerda.
Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h41 (horário de Brasília):
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,87%
*Nasdaq Futuro (EUA), +1,18%
*Dow Jones Futuro (EUA), +0,94%
*DAX (Alemanha), +0,88%
*FTSE (Reino Unido), -0,56%
*CAC-40 (França), +0,95%
*FTSE MIB (Itália), 0,59%
*Hang Seng (Hong Kong), -0,03% (fechado)
*Xangai (China), +0,96% (fechado)
*Nikkei (Japão), +2,12% (fechado)
*Petróleo WTI, -0,14%, a US$ 56,18 o barril
*Petróleo Brent, +0,20%, a US$ 60,82 o barril
*Bitcoin, US$ 10.611, +0,57%
R$ 43.610, -0,35% (nas últimas 24 horas)
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian subiam 1,17%, cotados a 647,00 iuanes, equivalentes a US$ 90,56 (nas últimas 24 horas).
2. Agenda Econômica
Os destaques entre os indicadores ficam por conta da agenda intensa de publicações que está por vir dos Estados Unidos.
Às 9h15, serão conhecidos os resultados do relatório de criação de empregos no setor privados norte-americanos da ADP, enquanto às 9h30 saem os dados semanais de pedidos de auxílio-desemprego. Às 10h45, a IHS Markit divulga o índice dos gerentes de compra (PMI) composto e de serviços de agosto.
Já as 11h00, nos EUA, saem os dados de encomendas à indústria de julho e o índice de sentimento do setor de serviços (ISM). Por fim, às 12h00, serão conhecidas as informações atualizadas sobre os estoques de petróleo.
No Brasil, o destaque fica por conta da divulgação, às 10h00, dos dados de agosto de produção e vendas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
3. Teto dos gastos e Previdência
Por meio do porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, o presidente Jair Bolsonaro defendeu ontem mudanças na regra do teto de gastos. "Se mudança no teto não for feita, tendência é governo ficar sem verba para manter a máquina", disse Barros, acrescentando que o governo não irá exigir mais impostos da sociedade.
Segundo o Estadão, o presidente iria deliberar sobre qual ajuste fará na regra criada no governo do ex-presidente Michel Temer, em 2016, a partir de um estudo que está sendo feito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo o Estadão, a mudança na regra é defendida pela Casa Civil e pelo comando das Forças Armadas. Quando deputado federal, Bolsonaro votou a favor da instituição do teto de gastos.
"Acho que daqui a dois ou três anos vai zerar as despesas discricionárias (gastos de custeio e investimentos). É isso? Isso é uma questão de matemática, nem preciso responder para você, isso é matemática", disse Bolsonaro ontem pela manhã.
Porém, no Twitter, hoje, às 7h43, Bolsonaro recuou da intenção. “Temos que preservar a Emenda do Teto. Devemos sim, reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios. Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlântico”, escreveu, completando: “O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes”.
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Mesmo que o governo avance na ideia e consiga ampliar a arrecadação e reduzir o rombo das contas públicas nos próximos anos, o teto apertado e o avanço das despesas obrigatórias vão reduzir o espaço para investimentos em obras e programas do governo, dificultando a estratégia do presidente de deixar a sua marca. O próprio Bolsonaro já admitiu que o Orçamento enxuto atrapalha uma possível reeleição em 2022.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua vez, afirmou que é "impossível" flexibilizar a regra do teto dos gastos. Sem o apoio de Maia, a pressão da Casa Civil e de militares para mudar o controle dos gastos públicos tem poucas chances de prosperar no Congresso.
"É impossível mexer na PEC do teto. É um erro. Nosso problema não está em discutir o teto dos gastos, nosso problema está em discutir despesas", afirmou Maia ao Estadão.
A possibilidade de alterar a norma divide as alas política e econômica da gestão do presidente Jair Bolsonaro. O assunto chegou a ser discutido em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO), quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou sua posição contrária.
O ministro-chefe da Casa Civil chegou a afirmar em uma das reuniões da JEO, segundo apurou o Estadão, que a mudança na regra do teto teria apoio do Congresso. O ministro negou à reportagem que tenha defendido essa tese.
"Você abrir o teto é você não tratar o problema. É você esconder o problema, aumentar a despesa, aumentar o endividamento e gerar uma nova crise no futuro. É por isso que tem que manter o teto", defendeu o presidente da Câmara.
Já sobre a reforma da Previdência, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou a intenção de votar o primeiro turno do texto na próxima quarta-feira, 11, mas o calendário fechado por líderes partidários prevê a primeira votação para o dia 24.
A antecipação vai depender de acordo entre os senadores, que conversam ontem à noite. Alcolumbre garantiu a manutenção do calendário, que prevê conclusão até 10 de outubro.
O presidente do Senado evitou, no entanto, citar prazo para concluir a votação da proposta paralela, que inclui Estados e municípios na reforma e promove outras alterações, como onerações para o agronegócio e entidades filantrópicas.
Após mais de 7h de sessão, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou ontem, por 18 votos a 7, o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para a PEC da reforma da Previdência.
O texto tem impacto fiscal de R$ 870 bilhões em 10 anos – o que corresponde a uma desidratação de R$ 63,5 bilhões em relação à proposta aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados. Caso a PEC paralela passe, a economia total pode chegar a R$ 962 bilhões, diz O Globo.
4. Polícia Federal e Moro
A saída do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, já é dada como certa pela corporação, diz o jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a publicação, nos bastidores, a PF avalia que o ministro da Justiça, Sergio Moro, foi “emparedado” pelo presidente Bolsonaro, vem sofrendo sucessivas derrotas e perderá de vez o poder de comando se não tiver carta branca para indicar o seu substituto.
Ontem, Moro encerrou uma entrevista, após três minutos, ao ser questionado se pretendia dispensar o chefe da PF. Segundo o Estadão, falta apenas acertar a data da demissão de Valeixo, que tem férias de dez dias marcadas para começar na próxima segunda-feira. O nome mais cotado para substituí-lo é o do secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, ligado a um dos assessores mais próximos a Bolsonaro.
Mesmo sob intenso ataque, Moro segue sendo o mais bem avaliado membro do governo, segundo pesquisa Datafolha. Dentre os 94% de entrevistados que afirmaram conhecê-lo, 54% consideram sua atuação na pasta como ótima ou boa, 25 pontos porcentuais acima da avaliação positiva do governo Bolsonaro. Os números de Moro são praticamente iguais aos registrados na pesquisa de julho.
Destaque ainda para o pedido de desligamento coletivo do Grupo da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República. Segundo o Estadão, a decisão da equipe ocorreu sob a alegação de “incompatibilidade” com o entendimento da procuradora-geral, Raquel Dodge. Ela vem sofrendo com o aumento da insatisfação dentro do Ministério Publico Federal, às vésperas de sua saída do cargo, prevista para o próximo dia 17.
A renúncia coletiva estaria motivada pelo desentendimento da equipe de Raquel em relação à delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. Ao encaminhar a homologação do acordo, a procuradora pediu o arquivamento da delação que mencionava o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e um dos irmãos do presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
5. Noticiário Corporativo
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, acredita que o ritmo de crescimento do crédito deve se manter em dois dígitos "baixos" para as pessoas físicas (crédito pessoal, financiamento imobiliário e para veículos), mas que para pessoa jurídica, sua expectativa é de um crescimento "pífio".
"Não adianta, enquanto não houver demanda, crescimento da economia e mudança no sentimento em relação ao crescimento do País, as empresas não vão tomar crédito", afirmou Lazari, acrescentando que todos estão decepcionados com o ritmo de expansão da atividade econômica este ano, mas que o último trimestre de 2019 pode ser utilizado para entrar em 2020 com crescimento.
A companhia aérea Gol divulgou a prévia operacional do tráfego de agosto, com um aumento de 4,2% na oferta de voos domésticos e de 11,2% na demanda. Segundo a empresa, a taxa de ocupação doméstica foi 83,2%, representando uma elevação de 5,2 pontos porcentuais frente a agosto de agosto de 2018. O volume de decolagens aumentou 7,0% e o total de assentos aumentou 7,6%, em relação ao mesmo mês do ano passado.
A Coluna do Broadcast traz que o BNDES deverá se desfazer de sua participação acionária na JBS por da listagem na bolsa de Nova York que o frigorífico pretende realizar. O banco de fomento conta com uma participação de 21% na JBS, o que representa um valor de R$ 17 bilhões.
A MRV Engenharia, que está em fase final de conversas para adquirir a empresa da área imobiliária americana AHS Residential, deverá desembolsas US$ 235 milhões pelo ativo, segundo o Estadão. RV. A AHS fica na Flórida e foi fundada por Menin em 2012. A AHS tem três projetos em desenvolvimento que somam 650 apartamentos, com a previsão de entrega em 2019, de acordo com informações do site da empresa.
Já a Petrobras deverá elevar a partir de hoje o preço médio da gasolina nas refinarias em R$ 0,0223 por litro e em R$ 0,0525 o diesel, diz a Reuters, citando um relatório da consultoria INTL FCStone, após a petroleira ter publicado os novos valores às distribuidoras. Procurada, a Petrobras não comentou imediatamente sobre o reajuste, acrescenta a Reuters. A companhia costuma divulgar os preços no site, mas antes informa às distribuidoras.
(Com Agência Estado e Bloomberg)
2019-09-05 10:36:00Z
https://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/9285697/os-5-assuntos-que-vao-movimentar-o-mercado-nesta-quinta-feira
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