BRASÍLIA — Depois de demitir duas vezes o ex-secretário-executivo José Vicente Santini em menos de 48 horas e esvaziar os poderes da Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro deve se reunir com o ministro Onyx Lorenzoni nesta sexta-feira para decidir o futuro da pasta. Onyx antecipou seu retorno a Brasília em meio à crise iniciada após Santini, seu principal auxiliar, usar uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para fazer uma viagem exclusiva à Suíça e à Índia no último fim de semana.
Bernardo Mello Franco: Rodízio na frigideira
Na Casa Civil, o clima é de incerteza e apreensão. A pasta perdeu seu principal trunfo: o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), transferido ontem por Bolsonaro para o Ministério da Economia. Assessores ligados ao ministro Onyx tentam decifrar os próximos movimentos do presidente, que se demonstrou extremamente irritado com os últimos atos da pasta. Dentre as hipóteses cogitadas internamente está a de transferir Onyx para o Ministério da Educação, no lugar de Abraham Weintraub, indicado para o posto pelo próprio Onyx.
Principal apoiador de Bolsonaro durante a campanha presidencial, o ministro da Casa Civil perdeu o direito de escolher seus assessores e as principais atribuições que lhe foram dadas. Em meio ao vácuo no comando da pasta, Bolsonaro cogitou nomear o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, para comandar interinamente a Casa Civil até o retorno de Onyx das férias. A decisão só foi revisada após o ministro garantir que anteciparia sua volta ao trabalho. Bolsonaro então escalou Antônio José Barreto de Araújo Júnior para assumir o cargo de secretário-executivo interino da Casa Civil apenas até hoje. Barreto é o atual sub-chefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil e acumula as funções.
Análise: Bolsonaro transforma Onyx em ministro decorativo
Em uma edição extra do Diário Oficial da União, ontem, o presidente tornou sem efeito a nomeação de Santini, ocorrida na noite anterior, para o cargo de assessor especial da Secretaria de Relacionamento Externo da Casa Civil. O presidente também exonerou quem assinou a nova nomeação de Santini, Fernando Wandscheer de Moura, que ocupava interinamente o cargo de secretário-executivo da Casa Civil. Ele voltará ao posto de secretário-adjunto.
A novela envolvendo as nomeações do número dois da Casa Civil e seu assessor começou logo cedo. Doze horas após sair a publicação no Diário Oficial, Bolsonaro mediu pelas redes sociais o desgaste provocado pelo ato. Em conversa pelo telefone logo de manhã, Bolsonaro decidiu indicar o ministro Ramos para resolver o impasse da Casa Civil enquanto Onyx não retornava. Ele assumiria as funções interinamente até que o atual titular da pasta chegasse para buscar novos funcionários para o ministério.
2020-01-31 11:56:00Z
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